Enganam-se os que pensam que nada se faz durante as férias: sendo uma actividade a tempo inteiro, fazer férias não deixa de providenciar alguns momentos de desocupação de tempo que são prontamente aproveitados por aqueles que gostam de escrever, sobretudo os que gostam de escrever livros sobre a vida de algum antepassado recente. Talvez seja este o meu caso…

As férias vieram a jeito para dar um forte avanço na escrita, sobretudo na harmonização de tudo o que tinha sido escrito anteriormente com o conteúdo da inigualável carta do Avô, e com uma ou outra história nova que entretanto apareceu.

Entre tudo o que foi feito, destaco aqui a descoberta do atribulado passado sobre rodas do Avô. O resultado da compilação e processamento de toda a informação – que inicia no momento em que o Avô começou a pedalar e se estende até às memórias das recentes viagens de Mercedes com os netos – foi um dos mais extensos capítulos, cheio de pequenas histórias que oscilam entre o cómico e o trágico. E é do meio de um atribulado passado sobre rodas que emerge uma nova faceta do Avô, praticamente desconhecida da família e amigos. Nesta faceta existe um detalhe que merece ser já aqui avançado pela sua espectacularidade e imprevisibilidade: o Avô foi motoqueiro!

Muito antes de haver carro, houve mota. E uma mota muito especial… a famosa Kreidler K50 de fabrico alemão. As histórias em volta desta motorizada – e do subsequente percurso automobilístico – são tão interessantes que me apetece começar já aqui a contar. Mas por agora ficam guardadas por mais uns tempos. Só digo que vai valer a pena esperar por elas…

Kreidler k50 (1950) - Foi numa motorizada igual a este que o Avô Mateus se deslocou durante muitos anos